segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Horizonte Distante...


A algum tempo, que o blog não vinha sendo atualizado, claro que a culpa é minha, porém esse caso me fez refletir uma fábula da Grécia antiga, aparentemente pode não ter nexo com o contexto do blog ou dos motivos que me fizeram deixar de atualizar com mais frequência esse espaço no qual eu me sinto tão bem, estando. É a história de Ícaro e de seu pai, Dédalo.
A história é mais ou menos assim, na Grécia antiga, mais precisamente na Ilha de Creta, nasce então o filho do rei, porém com uma peculiaridade, a criança tem o corpo de ser humano e a cabeça de touro, o rei muito assustado com o o fato de seu filho ter nascido daquela forma, contrata o arquiteto Dédalo pra construir um local que aquela criança fosse colocada e nunca mais saisse de lá, Dédalo então constrói um labirinto, cheio de armadilhas, passagens secretas e segredos muito difíceis de serem decifrados, porém não somente o filho do rei que recebera o nome de Minotauro, seria aprisionado ali, Dédalo também ficara preso na construção que ele próprio fez, juntamente o seu filho Ícaro.
Presos no labirinto e com medo de serem devorados pelo filho do rei o monstro Minotauro, Dédalo e Ícaro fazem então asas para poderem sair voando dali, mas por que asas? Já que Creta é uma ilha somente voando dali, essas asas que seriam coladas no corpo com cera. Na hora da fuga Dédalo adverte o seu filho Ícaro pra não voar muito próximo do sol pois este iria derreter a cera do corpo, entretanto por se tratar de uma ilha que também não voasse perto do mar pois a maresia deixaria as asas pesadas e iria também cair no mar.
Finalmente conseguem fugir do labirinto construído por si mesmo, mas a imprudencia de Ícaro que ao se encantar com a beleza ao ver a liberdade, se aproxima muito do sol, a cera do seu corpo então derrete Ícaro cai no mar e morre encantado com a ilusão.
Agora, o que essa fábula tem com, o motivo de eu ter passado o mes de agosto inteiro e quase o mes de setembro também sem postar nada?A resposta é simples, com o passar dos dias, sem percebermos, me perdi no meu próprio labirinto que construi em minha volta.
A história de Ícaro e Dédalo, nos faz pensar que nosso mundo nos deixa assim, perdidos nas peredes construidas por nós mesmos e sem saída tentamos voar pra bem longe em busca ta tão sonhada liberdade, essa que parece ser a saída mais acertada pode até parecer a curto prazo, mas envolve um risco muito grande, pois como o maior de todos os prazeres é a ilusão, nos iludimos facilmente achando que no primeiro momento nos livramos do Minotauro contudo, fazemos igual a Ícaro, esquecemos do perigo que em algum momento fomos avisados.
O labirinto de Dédalo, nos envolve muitas vezes faz com que nos afastamos de muitas das funções que gostamos e sem percebemos ficamos longe, e sendo assim, deixam de ser prioridades. Não podemos nos "dar ao luxo" de fazermos isso com Deus, claro que a vida sem esse labirinto pode por vezes perder o sentido, entretanto como não se perder?Afinal a função do labirinto é essa mesma, Deus é a chave!!

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Papel do Jovem no Contexto Social




Em uma sociedade capitalista, onde o consumismo dita as regras, percebe-se que a juventude cada vez mais está sendo inserida neste contexto. Outrora sendo o molde do mesmo ou assumindo o papel questionador e desarticulador do capitalismo desenfreado.

O perfil assumido pela juventude, que constantemente segue e estabelece parâmetros para consumismo, são daqueles que anseiam pelo novo e revolucionam o que já existe; o que não é nada mal porém, corre o sério risco de chegar à fase adulta, somente apoiados em valores passageiros e assim como os valores, sua identidade poderá também, se apoiar no que passa, sem se fundamentar no que realmente é concreto.

De um outro lado observamos, obviamente menor número, os jovens que assumem o papel questionador do âmbito social, são aqueles que não são levados pela maré e buscam, realmente, preencher o contexto em que vevem com aquilo que é mais belo e concreto na razão de nossa existência: o serviço e a comunhão entre todos. Sim realmente esses jovens existem.neste contexto social, situa-se a pastoral da juventude como um mecanismo de orientação, para esta juventude que se encontra muitas vezes, diante desde mundo abstrato e não concreto. Tendo a certeza de que o jovem vevendo desdte contexto concreto, não deixará de ser jovem, mas ele tem que ter a consciência, que ele vive e convive em um mundo que exigerá dele uma postura coerente com aquilo que a sociedade o oferece.

Já dizia o nosso saudoso Papa João paulo II " A juventude pode tudo, dentro do seus limites". E assim sem perder o "perfume" da juventude, podemos ser e fazer um perfil do jovem que se apoia, nos valores concretos de uma sociedade cada vez mais abstrata.



Autor: Pe. Cidimar Antonio Rodrigues

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Quando o Próprio Amor Vacila


"Eu sei que atrás desse universo de aparências,das diferenças todas, a ânsia é preservada.
Nas xícaras sujas de ontem o café de cada manhã é servido.
Mas existe uma palavra que não suporto ouvir e dela não me conformo.
Eu acredito em tudo, mas quero você agora!
Eu te amo pelas tuas faltas, pelo teu corpo marcado, pelas tuas cicatrizes, pelas tuas loucuras todas,minha vida.
Eu amo as tuas mãos, mesmo que por causa delas eu não saiba o que fazer das minhas.
Amo o teu jogo triste e as tuas roupas sujas é aqui em casa que eu lavo.
Eu amo a tua alegria mesmo fora de si, te amo pela tua essência e te amo até pelo que você podia ter sido, se a maré das circunstâncias não tivesse te rebanhado nas águas do equívoco.
Te amo nas horas infernais e na vida sem tempo...
Te amo pelas crianças e futuras rugas.
Te amo pelas tuas ilusões perdidas e teus sonhos inúteis...
Amo teu sistema de vida e morte, te amo pelas tuas entradas, saídas e bandeiras e te amo desde os teus pés até o que te escapa.
Te amo de alma para alma e mais que as palavras, ainda que seja através delas que eu me defendo quando digo que te amo mais que o silêncio dos momentos difíceis, quando o próprio amor vacila."



texto recitado por Maria Bethania no show Maricotinha!

quinta-feira, 24 de junho de 2010

O Amor segundo Fernanda Young


A escritora Fernanda Young, que é acostumada a escrever comédias para a Rede Globo, como por exemplo: Os Normais, um dia perguntada sobre o que ela achava do amor, gostei tanto da resposta que resolvi publicar aqui no blog.

Es pero que gostem...









"O que é amor para mim?

Não temer o outro, seja lá no que for, contar com o outro.

A mágoa é possível, mas não deixar que a mágoa se transforme em amargura e rancor.

Ainda sou assustada com as pessoas com as quais me relacionei: aquela cultura machista.

É claro que existem as exceções e as exceções são bárbaras.

Eu convivo com uma há dez anos: o meu marido.

Os ritmos estão muito hedonistas, falta paciência.

As pessoas terminam os relacionamentos porque querem grandes excitações.

Sou a favor da unidade familiar, principalmente se as crianças estiverem envolvidas, mas desde que seja suportável.

Traição é uma droga.

E não pela traição.

O ser humano não quer dividir seu amor, o amor requer paciência e um tempo filosófico para você se questionar.

Não é o caminho do maior peito, de plástica ou então ficar trocando de paixão pelo resto da vida.

Se você quer que ele dure (o amor) tem que perdoar sempre.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Solidão vista por Chico Buarque


Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... isto é carência.

Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar..... isto é saudade.

Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos...isto é equilíbrio.

Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente para que revejamos a nossa vida... isto é um princípio da natureza.

Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado..... isto é circunstância. Solidão é muito mais do que isto.

Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma...




Francisco Buarque de Holanda

sábado, 12 de junho de 2010

O Namoro


O Namoro



A fase do namoro, ideal e moralmente objetivo, é um período excepcional para o conhecimento de duas pessoas, geralmente jovens, de sexo oposto. O namoro é um período na vida dos namorados que lhes permite se conhecerem melhor. Isso é fundamental para o alicerce de uma nova família que se quer sólida.
A prática do namoro evoluiu muito nas últimas quatro décadas. Não foi uma evolução ruim. Afinal, não dá para pensar o namoro nos moldes das primeiras décadas do século passado. Com a abertura dos últimos tempos e a igualdade de direitos estabelecida entre o homem e a mulher, bem como a quebra do tabu que circundava a questão sexual, abriu-se as portas para uma nova prática do romance amoroso entre os namorados. O erro não está na abertura, mas no mau uso da liberdade, face à mentalidade do descartável que está tomando conta da sociedade.
O estilo do namoro antigo tem muito em comum com o namoro dos nossos tempos: a falta de conhecimento um do outro. O namoro antigo não permitia nenhuma espécie de contato físico; a conversa entre os dois não existia, o estar só era impossível, etc – não se conheciam. O namoro moderno e avançado permite tudo: o sexo livre, o aborto, a depravação, etc – também não se conhecem como pessoas.
O final do filme todos nós conhecemos: corações machucados, magoados e infernizados com a síndrome da dependência sexual e outros males. A sociedade ainda é machista; por isso o Pe. Zezinho tem razão quando compôs a música “Laranja Lima” e nos diz que no namoro errado é a mulher quem sofre mais. Deve ser muito triste a ressaca do pós-namoro pagão, quando a consciência advertir que a jovem foi usada ou que usou o outro simplesmente por prazer, tendo se acobertado, para tanto, na falsidade e na mentira.
Estamos vivendo um mundo carente de valores. Além da mentalidade do descartável que favorece o hedonismo utilitarista no namoro (para muitos o trivial “ficar”), temos a elaboração de um ambiente cultural de morte que se expressa na música mundana, no teatro e no cinema também mundanos que apregoam os contra valores como sendo determinantes para a felicidade. Aí está o engano, pois se trata de uma mentalidade distorcida da pessoa humana. É a crise antropológica (a pessoa humana não se interroga sobre o seu fim). É a evidente falta de consciência do que é a realidade da pessoa humana e o que é realmente a felicidade para a qual a pessoa humana foi criada.
O que fazer para viver o namoro coerente e de maneira cristã? Olhar para Jesus Cristo, o modelo antropológico perfeito. Olhar para o testemunho de tantos casais que vivem o namoro correto e santamente. Não tenho dúvidas, os casais de namorados que viveram santamente os seus namoros viverão santamente o seu casamento. Afinal, a conquista da felicidade não se dá sem sacrifício, renúncia e entrega consciente. Onde há o amor não há a dor. “Felizes os puros de coração porque verão a Deus” (Mt. 5, 8).
Prezados jovens cristãos, sejam vocês os alicerces da construção da “civilização do amor” (Paulo VI) e da concretização de uma vida feliz a partir da santidade e do respeito à pessoa do outro. Deus os abençoe.


Pe. Adair José Guimarães

sexta-feira, 11 de junho de 2010

A Juventude e a Velhice

A juventude e a velhice

A juventude não é uma fase da vida. É um estado de espírito, um reflexo de vontade, uma característica de imaginação, uma intensidade emotiva, uma vitória do valor sobre a timidez, um gosto de aventura sobre o amor à comodidade. Ninguém envelhece por haver vivido certo número de anos, mas porque desertou do ideal; o tempo enruga a pele enquanto que a renuncia do ideal encarquilha a alma.

As preocupações, as dúvidas, os temores e as desesperanças são os inimigos que, lentamente, nos encurvam no sentido da terra, transformando-nos em pó antes que a morte nos abala.Jovem é aquele que se encanta e se maravilha, repetindo a figura da criança em permanente interrogação.

Jovem é aquele que desafia os acontecimentos e encontra alegria nos embates da vida. Posto em prova, galvanizava-se; os fracassos fazem-no mais forte e os triunfos fazem-no ainda melhor.Serás tão jovem quanto a tua fé e tão velho quanto a tua dúvida. Tão jovem quanto a confiança que possues em ti mesmo e tão velho quanto o teu desespero e o teu abatimento.

Permanecerás jovem enquanto permaneceres generoso, enquanto sentires entusiasmo em dar algo de ti mesmo, pensamentos ou palavras. Permaneceras jovem enquanto a ação de dar te valer mais do que a de receber, dando-te, no entanto, a impressão de que continuas sempre devedor. Permanecerás jovem enquanto fores receptível a tudo quanto é belo, bom e grandioso: as mensagens da natureza, do homem e do infinito.

E, se um dia, qualquer que seja a tua idade, sentires o coração mordido pelo pessimismo, torturado pelo egoísmo e roído pelo cinismo, que Deus então tenha piedade da tua alma porque nesse dia serás de verdade um velho.

http://criancagenial.blogspot.com/2008/06/mensagem-juventude-e-velhice.html


domingo, 6 de junho de 2010

A graça de ser só.


Ando pensando no valor de ser só. Talvez seja por causa da grande polêmica que envolveu a vida celibatária nos últimos dias. Interessante como as pessoas ficam querendo arrumar esposas para os padres. Lutam, mesmo que não as tenhamos convocado para tal, para que recebamos o direito de nos casar e constituir família. Já presenciei discursos inflamados de pessoas que acham um absurdo o fato de padre não poder casar.

Eu também fico indignado, mas de outro modo. Fico indignado quando a sociedade interpreta a vida celibatária como mera restrição da vida sexual. Fico indignado quando vejo as pessoas se perderem em argumentos rasos, limitando uma questão tão complexa ao contexto do "pode ou não pode".

A sexualidade é apenas um detalhe da questão. Castidade é muito mais. Castidade é um elemento que favorece a solidão frutuosa, pois nos coloca diante da possibilidade de fazer da vida uma experiência de doação plena. Digo por mim. Eu não poderia ser um homem casado e levar a vida que levo. Não poderia privar os meus filhos de minha presença para fazer as escolhas que faço. O fato de não me casar não me priva do amor. Eu o descubro de outros modos. Tenho diante de mim a possibilidade de ser dos que precisam de minha presença. Na palavra que digo, na música que canto e no gesto que realizo, o todo de minha condição humana está colocado. É o que tento viver. É o que acredito ser o certo.

Nunca encarei o celibato como restrição. Esta opção de vida não me foi imposta. Ninguém me obrigou ser padre, e quando escolhi o ser, ninguém me enganou. Eu assumi livremente todas as possibilidades do meu ministério, mas também todos os limites. Não há escolhas humanas que só nos trarão possibilidades. Tudo é tecido a partir dos avessos e dos direitos. É questão de maturidade.

Eu não sou um homem solitário, apenas escolhi ser só. Não vivo lamentando o fato de não me casar. Ao contrário, sou muito feliz sendo quem eu sou e fazendo o que faço. Tenho meus limites, minhas lutas cotidianas para manter a minha fidelidade, mas não faço desta luta uma experiência de lamento. Já caí inúmeras vezes ao longo de minha vida. Não tenho medo das minhas quedas. Elas me humanizaram e me ajudaram a compreender o significado da misericórdia. Eu não sou teórico. Vivo na carne a necessidade de estar em Deus para que minhas esperanças continuem vivas. Eu não sou por acaso. Sou fruto de um processo histórico que me faz perceber as pessoas que posso trazer para dentro do meu coração. Deus me mostra. Ele me indica, por meio de minha sensibilidade, quais são as pessoas que poderão oferecer algum risco para minha castidade. Eu não me refiro somente ao perigo da sexualidade. Eu me refiro também às pessoas que querem me transformar em "propriedade privada". Querem depositar sobre mim o seu universo de carências e necessidades, iludidas de que eu sou o redentor de suas vidas.

Contra a castidade de um padre se peca de diversas formas. É preciso pensar sobre isso. Não se trata de casar ou não. Casamento não resolve os problemas do mundo.

Nem sempre o casamento acaba com a solidão. Vejo casais em locais públicos em profundo estado de solidão. Não trocam palavras, nem olhares. Não descobriram a beleza dos detalhes que a castidade sugere. Fizeram sexo demais, mas amaram de menos. Faltou castidade, encontro frutuoso, amor que não carece de sexo o tempo todo, porque sobrevive de outras formas de carinho.

É por isso que eu continuo aqui, lutando pelo direito de ser só, sem que isso pareça neurose ou imposição que alguém me fez. Da mesma forma que eu continuo lutando para que os casais descubram que o casamento também não é uma imposição. Só se casa aquele que quer. Por isso perguntamos sempre – É de livre e espontânea vontade que o fazeis? – É simples. Castos ou casados, ninguém está livre das obrigações do amor. A fidelidade é o rosto mais sincero de nossas predileções.


Louvor & Alegria sempre!!!!!!!!!

Pe. Fabio de Melo

sábado, 5 de junho de 2010

Desperdício.................


Ultimamente, tem-se colocado textos de 'autores' amadores, portanto textos realmente inéditos por aqui(rsrsrs), hoje a pedido meu um amigo me enviou um texto pra colocar aqui!!Esse amigo faz curso de ciencias sociais na Universidade Estadual Vale do Acarau, local onde eu tb estudo(rsrs), pois bem, vamos ao qu einteressa!!!





DESPERDÍCIO

Quando chove penso que não posso me molhar
Saio a procurar abrigo, mas se não consigo me esconder
Então, vejo como é bem sentir novamente a chuva sobre meu rosto
Lembro-me da criança que pegava resfriado
Mas, mesmo assim, desobedecia a mãe e corria para chuva

Quando meus pés tocam a suave areia
Nos raros momentos que fogem dos apertados sapatos
Descubro que posso ser livre novamente
Livre das correntes de uma rotina que sufocam o meu dia-a-dia

E quando tenho tempo para sonhar
Acordo e vejo que todos desperdiçam suas vidas
Em uma corrida sem sentido,
Em busca de algo que nunca vai preencher seu interior

Que os levam a sempre buscar mais e mais
E nunca estarão satisfeitos
Desperdiçando o único bem valioso que possuem
Suas vidas

Lc. Samuel

terça-feira, 1 de junho de 2010

A Ausencia da Verdade


A Ausência da Verdade

O homem na complexidade do meio em busca de se entender como parte deste meio, passa pelo crive da sobrevivência. A luta de manter-se na sua integridade como ser, torna-se uma missão quase impossível, pois somos frutos do meio corrompido e dilacerado.
A sociedade cobra ao homem uma postura negada por ela mesma, cobra uma postura ética e moral, pede que exerça a cidadania, a solidariedade, o amor. Os predicados exigidos são nobres porem, estranho ao real hodierno. Vivemos um tempo, de se esquivar do real, da ausência da verdade, onde nos omitimos do que é o agora, onde escondemos a realidade e buscamos travar uma luta desonesta e pobre, pois sebe que nesta luta não tem vencedor, e sim, uma luta do eu com eu.
A maior derrota do homem é quando ele não consegue ser verdadeiro com ele mesmo, e brinca de pique-esconde como se essa fosse a melhor forma de encara a vida. O preço da verdade é muito alto, mas sem a verdade não podemos viver por muito tempo, pois é ela que nos gera a integridade. Porem, não se pode confundir o real da humanidade (faltas, fraquezas, limites, debilidades), com o relaxamento e o deboche de vidas que vivem segundo a mentira e a falsidade, não necessária ao outro, mas a si mesmo. Uma coisa é eu ter consciência do que sou, mesmo sabendo dos risco e limites que eu possa está correndo, outra coisa é eu buscar viver uma vida maquiada, me escondendo do que sou, pois omito o real de mim.
A ausência da verdade é necessariamente a negação de liberdade, pois quando não sou verdadeiro é porque não consigo ser livre o bastante a ponto de pagar o preço da realidade. E é por isso, que assistimos no palco da vida tantas pessoas sofrendo com o peso das conseqüências da mentira, amargando a dor de não ter sido honesta consigo e com o outro. No entanto, tudo isso pode ser mudado quando eu passo a me ver como pessoa falha, que tem potencialidade de errar, assim como, potencialidade de acertar, de superar, de vencer. Não podemos ausentar de nós o real, o verdadeiro, pois é na verdade que somos livres e conseguimos ser o diferencial do meio.


Pe. José de Anchieta Aguiar Vasconcelos

sábado, 29 de maio de 2010

Oração para Deus


Sempre procuro por textos, para poder colocar no blog, talvez por isso ultimamente este, não tinha sido atualizado com tanta frequencia(rsrsr), enfim, resolvi deixar o marasmo de lado e eu mesmo que atualizo o blog (Júnior Santiago), escrever um pequeno texto, sendo assim, fiz um pequeno poema no qual considero importante compartilhar com os leitores assíduos desse espaço!





ORAÇÃO PARA DEUS


Queria descobrir
o segredo dos teus olhos,
do olhar que atravessa a vidraça do mundo
e perpassa a vida perdida e lasciva
e sem graça.


Vida mantida
através da desilusão
causada pela solidão
ancorada pelo casarão
do teu corpo
inviolado, controlado e bem cuidado .

Corpo transformado pelo tempo
não diga nada, então.
Eu quero ler as palavras
lançadas do olhar que...
parece tão distante a mim, mas
acontece que não é.

E afinal, sei que sempre
olhou, olha e olhará pra mim!!



autor: Júnior Santiago

quarta-feira, 7 de abril de 2010

A Lucidez Perigosa



Estou sentindo uma clareza tão grande
que me anula como pessoa atual e comum:
é uma lucidez vazia, como explicar?
Assim como um cálculo matemático perfeito
do qual, no entanto, não se precise.
Estou por assim dizer
vendo claramente o vazio.
E nem entendo aquilo que entendo:
pois estou infinitamente maior que eu mesmo,
e não me alcanço.
Além do que:
que faço dessa lucidez?
Sei também que esta minha lucidez
pode-se tornar um inferno humano
-já me aconteceu antes.
Pois sei que
-em termos de nossa diária
e permanente acomodação
resignada à irrealidade-
essa clareza de realidade é um risco.
Apagai, pois, minha flama, Deus,
porque ela não me serve para viver os dias.
Ajudai-me a de novo consistir
de modos possíveis.
Eu consisto
eu consisto.
Amém.



Autora: Clarice Lispector

sábado, 27 de fevereiro de 2010

O Amor (texto de Lya Luft)


O amor é uma escultura que se faz sozinha. É uma flor inesperada sem estação do ano para surgir nem para morrer. Vai sendo esboçada assim ao léo: aqui a sobrancelha se arqueia, ali desce a curva do pescoço, a mão toca a ponta de um pé, no meio estende-se a floresta das mil seduções. Imponderável como a obra de arte, o amor nem se define nem se enquadra: é cada vez outro, e novo, embora tão velho. Intemporal. Planta selvagem, precisa de ar para desabrochar mas também se move nos vãos mais escuros, em ambientes sufocantes onde rebrilham os olhos malignos da traição ou da indiferença, e a culpa o pode matar. O convívio é o exercito do amor na corda bamba. Os corpos se acomodam, as almas se espreitam, até se complementam. Mas pode-se cair no tédio – sem rede –, e bocejar olhando pela janela. Inventamos receitas para que o amor melhore, perdure, se incendeie e renove... nem murche nem morra. Nenhuma funciona: ele foge de qualquer sensatez, como o perfume das maçãs escapa num cesto de vime tampado. Se fossemos sensatos haveríamos de procurar nem amar, amar pouco, amar menos, amar com hora marcada e limites. Mas o amor, que nunca tem juízo, nos prega peças quando e onde menos esperamos. Nunca nos sentimos tão inteiros como nesses primeiros tempos em que estamos fragmentados: tirados de nós mesmos e esvaziados de tudo o mais, plenos só do outro em nós. Nos sentimos melhore, mais bonitos, andamos com mais elegância, amamos mais os amigos, todo mundo foi perdoados, nosso coração é um barco para o qual até naufragar seria glorioso (ah, que naufrágios...). Mais que isso, nesse castelo – como em qualquer castelo – não pode haver dois reis. Quem então cederá seu lugar, quem será sábio, quem se fará gueixa submissa ou servo feliz, para que o outro tome o lugar e se entronize e... reine? A palavra “liberdade” teria de ser mais presente, porém é mais convidada a discretamente afastar-se e permitir que em seu lugar assuma o comando alguma subalterna: tolerância, resignação, doação, adaptação. Rondando o fosso do castelo, a vilã de todas a culpa. Quem deixou sobre minha mesa o bilhete dizendo “se você ama alguém, deixe-o livre” sabia das coisas, portanto sabia também o desafio que me lançava. No mundo das palavras há tantos artifícios quantas são as nossas contradições. Por isso, conviver é tramar, trançar, largar, pegar, perder. E nunca definitivamente entender o que – se fossemos um pouco sábios – deveríamos fazer. Farsa, tragédia grega, outras soneto perfeito: o amor, com as palavras, se disfarça em doces armadilhas ou lâminas. (Lya Luft)

Espaço aberto pra te acolher!!

Érika Rodrigues e Pe. Marcelo Rossi = Sonda-me